Hoje não, amanhã, talvez... Ontem, nunca!

[orkut] Marcondes, Raisa Larissa
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''Escrever é o que me liberta e me faz imaginar
imaginar um mundo onde não tenha que me calar
Esperar por amanhãs melhores e noites mais quentes
Onde a lua não se esconde, onde a dor não se sente''

19 junho 2011

Consequências da falta de valorização

A educação no Brasil nunca esteve tão desvalorizada e parte disso é pelo não reconhecimento do trabalho dos professores

Desde a década de 1970, o professor brasileiro vem sofrendo desprestígio. Repetindo aqui palavras ditas no início deste ano ao Portal Terra por Roseli Souza, assessora pedagógica da divisão de sistemas de ensino de uma grande editora nacional, “naquela época ser professor era como ser médico, juiz ou padre”. Informações fundamentais e básicas, como o alfabeto, eram ensinadas por professores respeitados em todas as camadas sociais.

Contrapondo com essa valorização de outrora, a realidade de hoje vem mostrar a queda no número de professores no Brasil. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a educação básica brasileira (que inclui a educação infantil, a especial, o ensino fundamental, o médio e a educação de jovens e adultos), em 2007 havia 2.500.554 professores em todo o território nacional. Dois anos depois, esse número caiu para 1.977.978.

Uma das causas é a desmotivação da categoria. Essa desmotivação inclui os baixos salários, a superlotação nas salas de aula e as péssimas instalações de trabalho nas quais os professores da rede pública são forçados a trabalhar. Uma dessas professoras é Amanda Gurgel, que ficou famosa no país inteiro a partir de um vídeo publicado no mês passado na internet. Nesse vídeo, Amanda discursa sobre as dificuldades do trabalho de professor público, em uma sessão da Secretaria de Educação de Natal. Mostra o mísero salário de R$ 970, reivindica ações mais eficazes do poder público e cobra respeito por parte dos governantes do estado do RN.

Essa realidade já não pode ser ignorada. Um país que não preza pela educação de seu povo está fadado ao subdesenvolvimento. O governo precisa abrir os olhos para o profissional que é, talvez, o mais importante na construção da cidadania. Deve haver redistribuição dos alunos na sala de aula, melhora nos salários de professores, como Amanda Gurgel, que precisam usar mais de dois ônibus para chegar ao trabalho, porque se compram um carro, não têm dinheiro para o combustível.

Deve-se investir na construção de mais escolas que possam absorver a demanda de alunos em condições que assegurem a todos a mesma qualidade na educação. O que falta para o professor brasileiro é motivação. Essa motivação deve partir de medidas que lhe dêem condições respeitáveis para, assim como um médico, um juiz ou até um padre, possam querer trilhar o caminho da docência.

Um país, como Monteiro Lobato dizia, constrói-se com livros e homens. De homens o Brasil está cheio, de livros também. Mas homens que possam lê-los, compreendê-los e construir ideias, isso está falta.