Hoje não, amanhã, talvez... Ontem, nunca!

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''Escrever é o que me liberta e me faz imaginar
imaginar um mundo onde não tenha que me calar
Esperar por amanhãs melhores e noites mais quentes
Onde a lua não se esconde, onde a dor não se sente''

24 fevereiro 2011

A verdadeira cor do futebol não é preta, nem branca

Na época da Copa a mídia se prende muito a estereótipos na hora de dramatizar a questão do preconceito
Raisa Marcondes
Em ano de Copa do Mundo tudo é muito bonito: bandeiras enfeitando as ruas, torcedores apaixonados por futebol, entoando gritos de guerra, amigos e familiares reunidos para sofrer, chorar e até gritar junto com o time que está lá do outro lado do oceano defendendo o país no gramado. Toda essa festividade mascara muito bem uma situação com a qual a população não está muito familiarizada, mas acontece muito.

Como de costume os meios de comunicação tentam romantizar tudo. No caso da África do Sul não é diferente. Pela história do país, com Nelson Mandela sendo um símbolo da luta contra o preconceito, há um banquete completo para lembrar que os negros ainda estão na luta contra a segregação racial. Mas até quando a mídia continuará a insistir no mesmo padrão estereotipado para falar de preconceito?

Que os negros sofrem preconceito ainda hoje, isso não se discute. Mas os meios de comunicação estão esquecendo de outras classes marginalizadas que também estão à mercê de preconceitos. Em alguns grupos de adolescentes, por exemplo, meninas ricas são excluídas de círculos com meninas de poder aquisitivo menor. Pessoas consideradas gordas são dramatizadas em filmes como sujeitos solitários, mas as modelos magras demais estão sendo excluídas da própria família em função da anorexia. Na própria África do Sul, quando os negros sofriam de exclusão nos torneios de rugby (esporte antigamente praticado somente pela elite), os brancos, após o apartheid, sofriam com a discriminação racial no futebol.

É preciso rever os conceitos e mudá-los. Essa mania de classificar como pobre, branco, gordo, bonito é o que está quebrando o espírito de igualdade que se deve sentir em época de Copa do Mundo. É claro que os negros têm uma história triste de segregação racial, desde os tempos do colonialismo, mas colocá-los sempre como alvo de ódio agora é clichê. Isso leva os próprios negros a se verem como os “coitados” na história.

A criação de cotas para afro descendentes, as propagandas romantizadas de políticas de igualdade, levam o Brasil a viver um momento, mesmo que mínimo, de reflexo do apartheid. O que torna um negro melhor que um branco ou um branco melhor do que um negro?

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