Hoje não, amanhã, talvez... Ontem, nunca!

[orkut] Marcondes, Raisa Larissa
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''Escrever é o que me liberta e me faz imaginar
imaginar um mundo onde não tenha que me calar
Esperar por amanhãs melhores e noites mais quentes
Onde a lua não se esconde, onde a dor não se sente''

01 março 2011

Crítica - O discurso do Rei

O roteiro é baseado em uma história real. O elenco é composto em sua maioria por atores britânicos. O diretor, Tom Hooper, chega ao ponto máximo de sua carreira carregando uma história que fala de algo com o qual está acostumado: a realeza britânica. Seus trabalhos anteriores incluem mini-séries e filmes para a TV. Uma dessas mini-séries intitula-se “Elisabeth I”. Contar histórias sobre a família real já não era novidade para o jovem cineasta. Hooper nos traz uma história sobre um homem que, para muitos, tornou-se rei antes da hora. Na iminência da II Guerra Mundial, quando a sociedade britânica precisava de uma voz segura no meio da confusão, George VI deve se impor e declamar um discurso para acalmar os ânimos de seus fiéis súditos. Como todo bom roteiro que se preze, há um problema atrapalhando os planos do herói: Ele é gago. 
Colin Firth, o ator que vem de uma carreira em ascensão, nos brinda com um desempenho sensível nos detalhes. Retrata o drama de um chefe de estado, um rei, que precisa sobrepujar as dificuldades na fala, de maneira inteligente. Com certeza o Oscar é dele. Se não for premiado, pelo menos será sempre lembrado como o inglês que retratou de maneira magistral um rei que, acima de tudo, era um homem em conflito. Esses conflitos vêm à tona quando, pelas intervenções do fonoaudiólogo, o rei precisa discutir o seu passado para tentar entender quando e porque a gagueira começou. Esse papel de conselheiro e amigo é dado ao grande Geofrrey Rush. Ele que nos fez rir de seu pequeno papel em “Shakespeare Apaixonado”. Nos fez imaginar como Capitão Barbossa em “Piratas do Caribe”. Também já fez filmes sobre a realeza em “Elisabeth”. O senhor Rush, que recebeu uma nomeação ao Oscar por seu trabalho em “O discurso do rei”, juntamente com Firth, dá ao filme o ar da graça. Abençoam o longa com uma química digna de título “melhor dupla do ano”. Rush  não impressiona ninguém nesse filme, porque ele faz o desempenho que sempre dá aos seus personagens aquele motivo pelo qual não são esquecidos facilmente. É de se esperar, quando se trabalha com um profissional como Geoffrey Rush, um trabalho fenomenal. Sua presença em tela faz com que os outros, até Firth, percam o brilho e lhe deixem roubar a cena. Isso é o que faz um verdadeiro ator coadjuvante merecedor de uma estatueta. Falando de atuações dignas, não se pode deixar de mencionar Helena Bonham Carter, o terceiro papel neste tripé britânico. Carter, que também tem fãs adolescentes por seu trabalho em “Harry Potter”, faz o papel da rainha que não abandona o marido em tempos de crise. Talvez não leve o Oscar, mas com certeza tem seu mérito no filme. Nos retrata uma rainha que, antes de ser rainha, é uma esposa fiel. Não abandona o marido rei e sempre está disposta a torcer os dedos para que tudo dê certo.
Falando de aspectos técnicos: Fotografia. Esse talvez seja o que faz do filme uma obra prima da carreira de Hooper. A atmosfera da época, com suas incertezas e tristezas, tanto para o povo como para o próprio rei, são capturadas gentilmente por uma fotografia não inventiva, mas também não clichê. Os tons pastéis dão ao filme uma leveza ao olhar. Os enquadramentos, na cena da entrevista inicial médico-paciente, logo no início do filme, com a dupla Firth/Rush, nos acompanham desde aquele momento até o final do longa. Acompanhando a fotografia certeira, temos um figurino nem um pouco exagerado. Até para a realeza, as roupas se matem limitadas. Mas isso é o que dá realidade ao filme. Vemos tudo como um documentário, mas do que um filme.
Com certeza, uma das melhores realizações cinematográficas do ano de 2011. Atuações dignas de aplausos em pé. Aspectos técnicos de um filme feito em sincronia dentre os departamentos de trilha sonora, figurino, fotografia, edição e direção. Roteiro adaptado de maneira atenciosa aos momentos de maior dramaticidade da vida do rei, naquele momento incerto de seu governo. É uma história de um rei em busca de superação. Mais do que isso até. É a história de um homem que, com um amigo, inicia uma jornada de autoconhecimento e auto-afirmação. Um filme para todos que duvidam da maestria com que os britânicos ainda regem o cinema. 

Um comentário:

Anônimo disse...

preciso assistir esse filme logo!